"Agora, o cheiro áspero das flores
leva-me os olhos por dentro de suas pétalas.
Eram assim teus cabelos;
Tuas pestanas eram assim, finas e curvas.
As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo,
tinham a mesma exaltação de água secreta,
de talos molhados, de pólen,
de sepulcro e de ressurreição.
E as borboletas sem voz
dançavam assim veludosamente.
Restitui-te na minha memória, por dentro das flores!
Deixa-me virem teus olhos, como besouros de ónix,
tua boca de malmequer orvalhado,
e aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios,
com as suas estrelas e cruzes,
e muitas coisas estranhamente escritas
nas suas nervuras nitidas de folha,
- e incompreensiveis, incompreensiveis."
Recordações... Recordar... Momentos em que paramos no tempo... Momentos em que a nossa alma sai de dentro de nós e dá um pulo ao passado... Momentos vividos... Todos nós temos recordações... É bom recordar...
Poema de: Cecilia Meireles
Foto: Tata
Efeito: Photoshop/Ulead
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